sábado, 12 de outubro de 2019

Individual



Preciosa e Santíssima Trindade
Vejo nos portões do Oceano os
Pescadores com seus peixes 
Sem pecados e as nuvens tomando

Forma de cidade esfumaçada 
E vejo a Lua criando grilos dentro
De uma redoma de vidro prateada.

Na cauda dos peixes vejo caixas
Cheias de pinturas de Joan Miró
Vejo milharais e telefones como

Estrelas pequenas ofegantes
Dentro de um licor de livro.

No chão a meta espontaneidade
Chama a atenção das vespas e
As abelhas invejosas refém 
Das aranhas gritam nomes de morte.

Nós dois sabemos que a morte
Está encapuzada de preto e segura
Uma foice que é um touro em forma
De ouro e touco e mesmo rouco os

Gritos da noite lembram as pirâmides
E dentro da velha folhinha o menino
Da bigorna abre os olhos cansados
De esperar que os querubins lhe
Tragam o pão nosso de cada dia.


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