sábado, 2 de setembro de 2017

Objetos


Enquanto o nu
das palavras saltam
o dicionário canta
sua voz em forma
de pássaros e fogo.
Arranho minha tristeza
nas coisas mais estranhas
que existem porque existo.
Não há tristeza em uma
lágrima feita de farinha 
                                   ou areia. 
As doces embarcações do poema
vão como ondas,
sem saber onde nem quando,
sem questionar os dias,
sem questionar os tempos.
Não choramos lágrimas de
ventos para a tempestade passar,
nem o sol brilha para que a vida exista.
Tudo é um começo para um recomeço.
E a vida é uma seta em forma de espada.
E as coisas imóveis estão
mortas com suas almas sofridas degoladas
pelas areias do tempo que tudo transforma
                                                        em vinho ou pedra.
O sereno da noite cai
por cima das telhas.

As casas sangram,
os animais gritam,
minha voz é um turbante
perdido no meio do deserto.

Enquanto tudo se transfora
por dentro de um casulo 
a borboleta sangra em tinta
pequenos fletes de papéis.

A tristeza e o muro da alegria
estão sendo escalados pelas
mãos,
m
    ã
o
   s

embaçadas pela vida.

Minhas
  m
      ã
o
   s.

Fonte de poesia e vida.

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