quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Outro


E segues e sigo e vamos e vou
o sol parte no espelho e a lua se quebra, o paraíso feito
de vibrantes ressonâncias dançam em nosso olhos
enquanto segues eu sigo e enquanto vamos eu vou
porque os campos são solitários os pássaros
se enfadam de tanta morte e cicatriz de terremotos,
porque as cidades são ignorantes os touros se suícidam
nas mãos dos toureiros sangrados pelo corno do mar,
porque a vida é ridícula temos que nos contentar com
as mariposas que valsam no céu procurando lírios,
e enquanto isso segues e sigo e vamos e vou
só para sorrirmos entre arbustos, entre o dinheiro,
a qualidade, o vinho, o copo de café com leite,
e vou e vamos e sigo e segues só para ver o mar
esverdeando a solidão, as estrelas bailando e os sinos,
os sinos diante do mar soando alguma canção mística,
por isso segues e sigo, por isso vamos e vou
só para abrir novos livros nas bibliotecas invisíveis,
chorar lentas elegias de dor e morte, bafos de angústias,
silenciosos que soem no ar como martelos, whitmanianas
odes, nerudianas, pequenas estrofes roubadas de poetas esnobes, 
de salamandras envergonhadas, de lírios robustos,
porque segues eu sigo e porque vamos eu vou.

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