Ode ao infinito
-para m. mendes e i. Nery
(A)
Esse é o abismo
esse é o canto,
a única rocha
infestada de vida,
de lágrimas e de
imensos sonhos.
Ali está a mão do
artista, do poeta, do pintor.
Expressam em sangue e em
lágrimas suas irraciona-
lidades humanas.
Choram, eis um poema
sorriem, eis uma pintura
nua, dura, crua, suja de
tinta e de amor (não o
amor real, mais o amor
real de real do real ao real).
(B)
Ferindo o próprio ser
e construído um universo
múltiplo de estrelas dentro
de um universo múltiplo de
estrelas.
Com o direito do sonho e
da arte, com o direito de não
sê-lo para aprende-lo
no mais fundo do
próprio ser,
quase preso ao
próprio esqueleto.
Pousando em
forma de mariposa
mãos azuladas
de tinta, de cosmo.
Colocando nas
pedras o mar
e a serenidade,
rios e sorrisos.
(C)
Quem mais contará
comigo as belezas
e as angústias do
infinito?
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