Ode ao camarão terrestre
Sou a metáfora de um ser
marinho
que não pode
viver no mar.
Por isso
vago na terra
indecifrável de manhã,
melancólico de sal,
sozinho de framboesas.
Vou indo,
apalpando
os bosques solitários,
compondo
ruas, navios, ferrugem,
cheio de palavras leves...
Tento imitar o voo das mariposas,
me camuflando toda sexta-feira
em rocha,
para que os
pardais
não me verem
partindo sem
guitarra, sem
violino.
E assim mesmo
vou seguindo
sem sentir o vento,
sem ver o litoral.
Assim sigo,
pois sou a metáfora de um ser
marinho
que não pode
viver no mar.
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