segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Galope noturno


Ouvi o som marinho de um beijo
e cantei pássaros e auroras com
palavras mornas de sangue e óleo.
E ali estava o vento e o amor me
esperando de braços e asas vermelhas.
O dia relinchou como um cavalo
verde, por detrás de minhas orelhas.
Amei a laranja das tuas mãos negras
e brilharam em mim azuis diamantes.
Foi o som que acordou o som de
outros galos para anunciarem o
fim da madrugada da tarde do espaço.
Depois ouviu-se do outro lado o galope
e o som do trotar constante
de dois amantes se beijando
como anjos, acasalando
atrás das árvores e dos montes.
Ouvi o som marinho de um beijo
e me passei a irritar-me com inveja verde.
Eu queria amá-la ali, como ele,
segurando suas mãos de vinho e de
pedra.
Despertei (era tudo um sonho!)
nu como uma folha de girassol.
E parti outra vez para outra cidade,
cantando o mesmo galope noturno
de saudades, ai, de saudades de ti, meu amor...

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