MENSAGEM A MANUEL DE BARROS
Sou camponês
não por opção nem por vontade
a cidade engolidora de gente
perturba meu sentidos de
vagabundo preguiçoso.
Vou vagando pelas ruas
como um camaleão sincero
de mim mesmo fiel a mim
mesmo. Ai, sou tão religioso.
Alguns me questionam,
outros me levam aos bares,
outros me deixam sozinho.
Sou solitário como a lua,
como o sol, como as estrelas.
I daí, se assim é o vento de mim mesmo?
Vou passando, vou levando a roupa suja
vou levando a poesia (TODA AS QUE APRENDI)
na ponta da minha língua.
Vou dizendo: aprendi tal e tal poema, vou inventar
UM. E melhoro o tal poema, e corrijo a galope.
Penso que é um achado fantástico. Uma descoberta
lírica que jorra do meu peito dos meus olhos serenos
de inverno.
É que dentro de mim têm duas metáforas
qual queres: a primeira é cinza, a segunda é verde.
Disseram que eu não pretendo crescer.
Besteira de quem já cresceu (se é que existe crescer).
Existir existe: crescer verde como as palmeiras ou como
os matinhos solitários do caminho.
Me desculpe pássaros civilizados
me perdoem pessoas que eu amo
misteriosamente
sou camponês
não por opção nem por vontade
mais por falta de vocação de ser civilização...
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