O dia se finda como um céu de névoa...
sobre os meus olhos cansados de aurora.
O seu retrato fez o meu coração marinho
suspirar por outra coisa que não o vazio.
O seu nome foi me levando como uma
nuvem em cima do oceano atlântico.
O seu nome, o seu retrato, sua boca
de rocha melada de sal e açúcar...
Você era mais do que eu naqueles
dias e continua sendo mais fogo,
mais vento, mais fósforo, mais suor,
mais suspiros, mais lembranças.
Hoje eu sou um fantasma imóvel,
sou um elétrico marinheiro que
enlouqueceu de tanto amar a
sonoridade do mar da poesia.
Ai, que dia eram aqueles
em que eu pude tocar sua
boca de água-viva, sua boca
suave de ostra, de óleo de
mariposa adormecida.
Eu queria que esse dia
nunca se encerra-se, que
nunca termina-se a dança
do nosso amor feito a
dança da chama com a água
de uma chaleira ou como
a dança das águas congeladas
com as águas quentes que
se encontram. Mais eu só quero
lhe dizer nesse instante, boa-noite.
Descansa tua cabeça de prata
nesse céu escuro
diante das estrelas azuis
pálidas, frias, solitárias e vazias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário