quinta-feira, 24 de julho de 2014

Dois poemas para Ariano Suassuna

De Idevair Peres

Chove. Eu ouço a chuva.
Ariano morreu. O céu chora.
Agora, finalmente, ele poderá conferir o Auto da Compadecida com os 
originais no céu.

Espero que ele tenha lá a mesma acolhida que deu ao céu na sua peça.



De Gabriel Ataide

Chove. Eu vejo e ouço a chuva.
Deve ser as lágrimas de Ariano
ao encontrar seu querido pai 
no céu, e sua querida mãe nas
alturas. O céu chora, só que
os anjos e o próprio Cristo
gargalham de alegria só de
verem Suassuna contando
suas histórias de Grilo's e Chico's 
que pela terra andam em busca
de paz, alegria, e sobrevivência.
Ele deve estar conversando com a Nossa Senhora,
a figura mulher que ele sempre procurou na religião.
Os evangélicos não aceitam muito essa figura, por ser uma imagem.
Eu penso que Maria, Mãe de Deus, deve estar lá
dizendo a ele: Meu filho, seja bem-vindo aqui no Reino do Cristo.
E Suassuna já vai dizendo: Um momento. Cade meu pai? Minha mãe?
Meus tios? Meus amigos? Cade João Cabral? Onde está Cervantes?
Augusto dos Anjos? Cade Chicó? Cade Dostoiévski? Quero gargalhar
junto deles, pessoalmente. Por que já li eles na terra. No céu quero a 
companhia deles. Posso minha mamãe Celestial?

Enquanto Suassuna ia embora, ontem
a noite, eu chorava de tristeza.
Mas quem sabe haja esperança
na Ressurreição que ganhamos
graças ao Cristo?

Acabei de ver um pássaro azul,
parecendo um pardalzinho.
Não sei se existem pardais
azuis... Só que eu vi ele
nove e tantos... Meu Deus
que dia estranho. Estou vendo anjos?



IDEVAIR. P: O homem não morre. Ele apenas vira chuva e corre para o mar.



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