quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Ode ao amor infinito


Quem carregou aqueles olhos
que o mar enxaguou com a ira
da sua espuma transbordando
de dores como o galope de
um centauro em direção a
um rio cheios de ninfas dominadoras?
Aqueles olhos eram os seus olhos,
como duas lâmpadas, dois insetos,
eu julgo que duas mariposinhas
enroscadas como um abajur noturno.
Eu era aquele centauro e com furia
fui descrevendo o amor infinito
em cartas, cadernos com tinta azul,
e o relâmpago foi meu companheiro,
meus votos ridículos como duas frutas
e a navalha da sua boca me cortava
porque era uma das ninfas do rio que
jogavam água, vento, dores no meu
coração de ferro contristado por raios.
Sim, o amor, o mais infinito amor,
aquele que dura duas semanas e meia.
Ou aquele amor profundo que a morte
não consegue compreender?
Amor, aquele amor que acaba atrás
dos sonhos, das grades, da televisão.
Não, não esse violento delírio de espelhos
quebrados, ou a chama de um vulcão adormecido.
Era você que levava a semente da vida,
e eu apenas um desperdício de cogumelos.
E enquanto passamos pelas ruas de olhos ocultos,
suas mãos me seguravam, e as minhas seguravam
você (meu mundo).

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