quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Folhas da Relva



É o jardim, Whitman,
é o jardim, Walt Whitman
do meu e do seu
coração,
é aí que pulsa o 
amor por todas
as coisas.

É ali, Walt Whitman,
meu irmão de barbas longas,
onde mergulho nu
com as mulheres do 
meu amor, com as
mariposas do vinagre,
com o orvalho de
Deus, nosso amigo,
nosso pai.

Quantas coisas, Walt,
sangram no norte
até o sul do nosso
continente.

E você é meu,
meu irmão,
como somos dessa
multidão
triste, alegre,
sonhadora.

Vem e vê esse
jardim tão lindo
que Jesus Cristo
construiu pra nós
dois, Walt Whitman,

meu irmão,
cavaleiro da vida e celebrador das coisas mortas,
cantor que é daqui, de lá,
cheio de repugnância,
cheio de surpresas,
ai, meu amigo, meu fraterno
Walt Whitman,

esse mundo nos odeia
e nós o odiamos
mais o nosso amor,
Walt, meu irmão barbudo,
incendeia tudo
                          [até as flores).

E as tumbas, Walt,
as tumbas gemem o gemido
da morte,
enquanto os mortos choram
vinagres com açúcar.

Ai, meu irmão vigoroso,,
as traças na roupa,
o cheiro da fumaça,
o navio dos abandonados,
todas as desgraças,
Walt, todas as consequências
são nossas.

Meu vigoroso irmão,
o jardim, o jardim é belo.
Descansa em meu peito
de relva enquanto
adormeço (belo) em teus
lindos versos.

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foto: ilustrativa

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