Ela chega, ela não chega,
ela vai chorando pelos campos,
ela vai sorrindo pela rua,
passando pelas flores,
vivendo como um pássaro sem cor,
morrendo como a lua a cada noite,
carregando os ventos nos olhos,
as lágrimas secas do mar nos cabelos,
ela vai, ela não vai, ela segura nas mãos
o sol que queima o amor com sete taças,
ela chega, ela não chega,
a porta está no coração dela como uma
armadilha cheia de sonhos,
mais ela não entra, ela não senta,
ela não sorri pelas pedras, nem pelos portos,
ela é livre, ela é presa, ela é pequena, ela é grande,
nos olhos escuros o lilás do mel nos lábios,
nas mechas os lírios ocultos da existência do amor,
nas coxas, a temperança fria da neve, o oculto ardor,
ela carrega nas pernas a cintura das américas,
ela leva no perfume os pequenos insetos,
ela não vê a sombra, ela não observa a luz,
ela chega, ela não chega,
não tem casa, nem carro, nem fumaça nos peitos,
nem nas nádegas carrega o oceano sem mistério,
ela canta como um rouxinol a beira da estrada,
tens mãos, elas não tocam, tens pés, não sentem
nada a não ser a praia violenta do amor, frio e calculista.
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