domingo, 21 de maio de 2017

Te perdi


E eu te perdi,
e eu não te ganhei.
Eras minha
como a primavera
fria e solitária.
Agora já não és
minha,
agora já não és
de ninguém.
Mas tu e eu
não choramos
nossa distancia,
nem o nosso amor
martelado e quebrado
pelas mágoas.
Tu amanheces
e cavalgas nuvens.
Eu, como um pássaro,
canto e canto, vou e volto.
Tu bebes
as gotas dos orvalhos
e zombas de tudo e de todos.
Eu bebo
as gotas do mar e vomito
as palavras do meu coração
tão escuro.
Te perdi e te perdi.
Não havia mais sorrisos,
nem mãos, nem pernas,
nem a beleza negra
dos teus cabelos de
princesa domesticada.
Não eras abelha
nem mariposa,
não eras estrela,
nem oceânica.
Não tinhas nada
a não ser a beleza
e o agreste ar do
sorriso que te acompanhava.
E eu era teu segredo
como um pequeno elfo
galopando pelo rio.
Te perdi e te perdi
e quantas coisas não perdemos?
O filho que queríamos,
a casa agora solitária,
 a faculdade desfeita,
o trabalho sem ocupação.
Te perdi e te perdi
e você me perdeu.
Por isso não nos queremos
mais.
Por isso já não somos vento.
Por isso o mar é melancólico.
E por isso canto
em silêncio
e em segredo!

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