domingo, 14 de maio de 2017

Ouve


Ouve
o canto azul do vento
chiando como uma chaleira.
Não, não vês o tempo
mudando da nossa janela?
O reflexo é embaçado
porém podemos ver
nas distâncias negras
uma pequena estrela.
Agora
ouve o chiado incessante
do galope do vento.
O frio percorre seus lábios
donzela como o café
percorre os lábios do poeta.
Não deveríamos trocar tudo isso?
O poeta percorreria seus lábios
com beijos em forma de caracóizinhos,
e o frio beijaria o café
transformando-o em vapor
e fumaça clandestina.
Ouve
não será o amor
que bate na janela do seu quarto?
Ou seria o luar
incendiado que aparece
nu e pálido como uma espada?
Deveras
é o amor que pulsa.
Ouve
é o canto azul que passa.

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