sábado, 24 de dezembro de 2016

Minha irma, a vida


Vejam, o poente.
E é claro que ele
não vale nada com
o vento soprando
em meu rosto como
um beijo.
Mais aquela luz
me dá uma sensação
estranha: meio que
a felicidade me invade,
meio que a amargura toma
conta.
Algumas estrelas
vão aparecendo no céu.
[Decidimos contá-las, é claro,
com suave dispor.
A lua também surge
camuflada em uma
nuvem como um
grande balão de
luz (quem apagará
o luar quando formos
descansar?).
Agora a chuva
cai como uma guitarra.
Ouça o violino das gotas
tomando conta dos telhados.
Uma telha está quebrada,
a goteira molha o chão.
Ninguém reclama.
E embora o sim e o não
sejam parte da rotina cotidiana
tudo transparece com naturalidade
(embora tudo me espanta).
Será que não te espanta?
Minha irma, a vida
quem será que te canta?

Nenhum comentário:

Postar um comentário