terça-feira, 20 de dezembro de 2016

dois poemas em época natalina

Natal

Águas noturnas, paraísos silvestres, ondas magnéticas
Onde o meu amor pode repousar como uma toupeira.
Nenhuma estrela dentro de tantas estrelas, nenhum sol,
Nenhum vento repugnante, nenhuma maré, nenhum sal.
Beijos, vapores, rios, ferros enferrujados no meio da plantação,
Livros fechados, bebidas como vinagre, açúcar, arquitetura andaluza,
Sonetos de amor, sonetos feitos da impaciência, sonetos
Sombrios, palavras tristes, alegrias momentâneas, 
Sofrimentos eternos, dicionário aberto contra a luz 
Do lago, nenhuma coisa que possa distinguir o meu eu
Do teu eu como dois seres enroscados na sombra: feliz natal. 


Os poetas

Ramos de orvalho, águas remotas, países distantes,
nada que possa lacrimejar meus olhos com tanto amor,
furacões, solidão constante, abundância de companhia,
nada que posso me fazer morrer de tanto tédio ou alegria.
Ficarei estendido como uma planta no meio do caminho,
com a raiz embaraçada de neve, de sol, frescamente
repousando na sombra de uma árvore cheia de espinhos.
Entrelaçarei o meu nome com o teu nome, porque te amo.
Minha mão erguerá o martelo, a tua mão segurará a estrela.
Seremos a pirâmide e o amor e ali seremos o pó da vida.
E quem sabe tudo se explique dentro do universo.

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