sábado, 12 de março de 2016

Teu nome



Esqueci o teu nome frio de aurora
e o mar ficou distante.
Tudo consumiu as estrelas,
os suspiros e as madeiras,
e ciente desse espetáculo noturno
as corujas  aplaudiram
o nascer silencioso
do dia.

Vou sem esquecer teu nome,
tua ferrugem, teu cabelo de
bronze.

Vou levando um sapato,
uma manteiga, uma pétala
de rosa mastigada
pelos besouros.

Vou levando comigo
um relógio de plástico,
um suspiro feito de arroz,
um por-do-sol feito de sonhos.

Lembra tu mesmo do teu nome?
Nome de serpente, nome de
pequeno gafanhoto, nome

esquecido bem no meio
do jogo das laranjeiras 
apodrecidas no campo.

Mais não pude ver 
e nem soletrar ao nada
o teu nome consumido

pelos cupins e pelas
feridas da madrugada.


Teu nome, nome simbólico,
sem vida, nome de tumba,
nome puro, sem poesia,

ardendo entre as ondas
e o mar sereno de 
algas e espumas.

Ali ficará
apodrecido entre 
as baleias e os

marinheiros,
entre os moluscos
e as ostras.

Que o frio 
possa carregar
teu nome nas
asas do vento.

E que alguém
levante um brinde
em homenagem 
a teu nome de

                 [aquática criatura marinha. 

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