São os teus olhos, claros,
de uma luz radiosa e intensa.
Não, não, nenhum segredo
havia em tua mechas,
apenas havia o desejo
de ser secreto como o
destino e a existência.
Ali estava em ti
o segredo suave da madeira.
Por ti posso compor
ao som do mar, ao som
das ondas inúmeras cartas,
inúmeros objectos líricos
que jogarão para as
conchas, para as estrelas
e para o lodo.
Não, nenhum segredo carregas.
Nenhuma lua, nenhum por-do-sol,
nem um lírio, nenhuma rosa,
não tens o brilho de tigresa mansa,
não és leoa nem pantera,
és mais do que um prato,
mais do que uma bananeira.
Ali estava em ti
o segredo suave da madeira.
Que carregavas sem saber,
sem notar nos espaços
as danças das aves,
o ruído dos pelicanos.
Por isso contemplo
os teus olhos de aurora
do outro lado, do outro
lado da praia, de um
lado terrestre e vazio,
de um lado solitário
e intranquilo.
Ali estava em ti
o segredo suave da madeira.
Mesmo que não cantasses
junto das mariposas,
mesmo que não
abraçasse o mel
ou as constelações.
Quem decifraria
em tuas mechas
o segredo suave da madeira?
Deixo para ti,
enigmática figura,
a decifração dessa
parábola obscura.
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