sábado, 19 de março de 2016

canção do marinheiro triste

Mais tu me
esqueceste junto da fonte
e do arbusto secreto.

E antes que eu te
visse te amei
sem entendimento.

Eras uma flor
indecifrável
feita para a
beleza quente
do deserto.

Beduína,
amiga das espigas
e do silêncio.

Decretei às areias
o teu nome de
morango, de
framboesa.

E sem segredos
ou runas ou
ruínas
fui te

amando
no espaço
e no cosmo.

Fui decifrando
cada parte
oceânica do
teu sorriso
de onda,
de onda
galopante.

Eras tudo e
eras nada.
Eras o mundo
e eras perfeita.

Como dizer-te
o nome
sem lembrar
nas areias
uma lágrima
secreta e
metálica?

Como não te
amar te amando?
Como não te
ter para sermos

o que só junto
conseguimos
ser?

Por isso te
digo adeus
em silêncio.

E do outro lado
do mar em silêncio
ouço sua voz
marinha a me

responder:

adeus...

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