Era um buraco sem fim. Não tinha fim
aquele buraco. Era imenso, profundo e escuro.
Algumas crianças brincavam em volta do bura-
co, ouvindo as vozes de seus pais gritan-
do para elas: "cuidado, quem brinca com bura-
cos fazem xixi na cama". Nascia mais um provér-
bio popular. Culpa do buraco, é claro!
Alguns vândalos jogavam coisas dentro do tal
buraco. Procuravam ouvir o barulho das garrafas
se quebrando ao fundo. Não escutavam nada.
Mandaram uma câmera para achar o fundo;
sondas atrás de sondas desapareciam na escuridão.
O buraco virou um assunto nacional. Depois, se
tornou assunto internacional. Até uma seita religiosa
foi criada em sua volta para endeusa-lo. As outras
religiões excomungaram o buraco. O buraco passou
a ser um problema, um herege. Cuspiam no buraco,
maltratavam-no, insultavam-no. Mudaram o nome da
cidade em homenagem ao buraco. Buracópolis. Os comediantes
passaram a escrever piadas sobre o buraco. O buraco passou a sair
nas capas das revistas de notícia, de fofoca, nos jornais...
Até que um dia, jogaram areia no buraco sem fim.
E até os dias de hoje ele está completamente tampado.
(foto: ilustrativa)
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