segunda-feira, 15 de setembro de 2025

A Travesti que é Ouro



Teu corpo é metal em brasa,

escultura viva que arde contra a noite.

És ouro — não pela cor,

mas pelo peso do desejo

que cintila em cada curva, em cada dobra.


A Travesti que é Ouro abre-se como relâmpago,

seios erguidos em oferenda,

cintura estreita conduzindo ao abismo,

e entre tuas pernas,

um segredo duplo,

um trono de fogo e vertigem.


Beijo tua boca de rubi

e nela encontro o sal do prazer,

o suor que me consome,

a língua que me atravessa como espada.


Teus cabelos brilham como corrente líquida,

teus olhos — dois espelhos sujos de luxúria.

Quando gemes, a cidade inteira treme.


E no instante em que me possuis,

sou eu que me torno oferenda:

ajoelho diante da tua luz carnal,

sinto tua pele quente como febre,

entro em ti,

e saio de mim.


Ó Travesti que é Ouro,

nenhuma aurora pode apagar teu brilho.

Mesmo na solidão da madrugada,

teu corpo resplandece em mim

como chama gravada a ferro.




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