Teu corpo é metal em brasa,
escultura viva que arde contra a noite.
És ouro — não pela cor,
mas pelo peso do desejo
que cintila em cada curva, em cada dobra.
A Travesti que é Ouro abre-se como relâmpago,
seios erguidos em oferenda,
cintura estreita conduzindo ao abismo,
e entre tuas pernas,
um segredo duplo,
um trono de fogo e vertigem.
Beijo tua boca de rubi
e nela encontro o sal do prazer,
o suor que me consome,
a língua que me atravessa como espada.
Teus cabelos brilham como corrente líquida,
teus olhos — dois espelhos sujos de luxúria.
Quando gemes, a cidade inteira treme.
E no instante em que me possuis,
sou eu que me torno oferenda:
ajoelho diante da tua luz carnal,
sinto tua pele quente como febre,
entro em ti,
e saio de mim.
Ó Travesti que é Ouro,
nenhuma aurora pode apagar teu brilho.
Mesmo na solidão da madrugada,
teu corpo resplandece em mim
como chama gravada a ferro.
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