terça-feira, 9 de setembro de 2025

A Balada de Violeta e Ham



No bosque onde o luar se derrama,

viviam os elfos de voz delicada,

e entre eles havia uma donzela clara,

de olhos violeta, de nome igual ao céu lilás.


Violeta, filha da noite estrelada,

cabelos longos como rios de sombra,

cantava ao vento nas colinas altas,

e os pássaros calavam-se só para escutá-la.


Nas terras além do rio profundo

vivia Ham, filho dos homens mortais,

pastor de terras, guardião de trigo,

coração bravo, porém humilde e fiel.


Um dia seus passos cruzaram os bosques,

quando buscava lenha no inverno frio,

e viu Violeta em meio às flores,

como estrela caída no mundo dos homens.


Ham não falou, mas seu peito ardeu,

pois nunca vira beleza tão rara,

e os olhos da elfa brilharam de volta,

como se o destino os unisse em silêncio.


Assim começaram encontros secretos,

sob as raízes do carvalho antigo,

onde trocavam palavras baixas,

e os lábios se uniam como promessa eterna.


Mas os elfos não queriam tal laço,

pois temiam o peso do tempo dos homens;

e os homens não queriam tal enlace,

pois viam nos elfos mistério e perigo.


Diziam: "Amor de elfo e mortal

é vento passageiro, dor sem fim;

floresce de noite, mas morre no dia,

como chama frágil que o vento desfaz."


Mas Ham e Violeta não se curvaram,

e sob a lua juraram no altar do bosque:

"Se o mundo nos nega, que o céu nos una,

se a morte nos chama, seremos um só."


Cantavam os rios sua triste canção,

e os ventos levavam rumores distantes,

pois o amor deles era como fogo,

que nenhum decreto podia extinguir.


E quando o inverno caiu sobre a terra,

e os elfos marcharam para terras distantes,

Ham ergueu-se contra os anciãos severos,

e tomou Violeta em seus braços mortais.


Conta a lenda que fugiram na aurora,

perseguidos por vozes e sombras antigas;

mas dizem também que além das montanhas

ergue-se um jardim onde vivem ainda.


Pois o amor que desafia o tempo

não morre em fronteiras nem em espadas:

é semente eterna, que floresce em segredo,

na lembrança dos povos e nas canções dos bardos.


E até hoje, quando a lua é cheia

e o vento sopra nos campos de trigo,

ouve-se ao longe a flauta de Ham

e a doce canção da elfa Violeta.





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