entusiasmo
MÁGOA SECRETA
Outro dia - e o que fiz se não nada,
Pintei, gritei, falei, e depois a fome,
Esse fato estranho do corpo
Me fez doer e roncar o abdômen.
Deveras pensar nessa existência.
Óh frio da vida, essa amargura tanta.
Melhor seria ter um sopro de esperança,
E não ser esse ser magoado por dentro.
Sinto-me só, assim como todos,
E só caminho entre tanta gente.
Apedreja minha alma, ó Deus ausente.
Sinto-me só, e assim passo por
Entre pessoas e suas sombras.
E minha sombra diz- chora, sonha!
VERSOS DE UM POETA EMBRIAGADO
Veio a mágoa, e eu eis aqui em sonhar,
Traz do bar amiga outra garrafa,
Porque no copo irei tristemente escarrar
Minha mágoa que não passa...
Ser poeta não é tão triste,
Assim, ser essa criatura que caminha.
Pensar assola toda gente que pensa,
E fico a meditar nessa mágoa estranha.
Bebe comigo, companheira, meu café
Com leite que negas. Celebra a cruz
Que ao rei dos judeus para sempre prega.
Comigo, amiga eterna, vamos ser cinzas,
Pó, esqueletos enterrados sobre a terra.
Quem me dera existir e findar igual a primavera.
ELEGIA FINAL
Quero morrer feliz. É possível a vida
Rir dessa irônica piada que eu peço.
E nisso, nesse tempo obscuro eu
Que sem saber de nada o verso martelo.
Faço surgir desses dedos o estrangulo.
Ah, vou fazer sorvete igual a escravo.
Deixa deus rindo disso que ele faz
De um homem que ama sem ser amado.
Outros se vão. Eu fico morto.
Morto, porém respirando, e fora
Da tumba ainda seco eu me movo.
Esse frio que sinto pela alma,
É um lamento que não se acaba.
E a vida é isso, tormentoso anátema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário