CORTADOR DE CANA
Não sabe o sol que me queima a pele
O quanto me dói segurar o facão?
Não sabem essas nuvens brancas,
Pálidas e infantis, o suor que me desce,
E o quanto me dói a mão
Ao segurar, segurar e brandir,
Brandir e segurar com força o facão?
Já foi pesado um dia a caneta,
A caneta que escrevia versos de amor.
E o facão corta a cana sem piedade.
Seria, pura ironia, a cana de açúcar
Um demônio digno de ser cortado?
Penso em Candido Portinari, penso nas
Lindas baianas feitas por Carybé,
Penso no Cubismo de Picasso,
Penso em Kandinsky e penso
Também em Miró e suas cores.
Não saberão nunca esses pintores
Que eu um dia fui um guerreiro,
Cortador de cana entre outros
Guerreiros, pobres, belos, negros,
Brancos e pardos, lutando para
Ganharem o pouco que o diablo
Branco (ladrão e enganador)
Nos dava em troca de nosso suor.
Não sabe o sol que me queima a pele
O quanto me dói segurar o facão?
Não sabem essas nuvens brancas,
Pálidas e infantis, o suor que me desce,
E o quanto me dói a mão
Ao segurar, segurar e brandir,
Brandir e segurar com força o facão?
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