quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Arauto de época


Com que saudade me vejo
andando pelas ruas da minha cidade,
acompanhado de anjos,
folhas e livros,
e o silencio absurdamente
divino dos carros
apressados.
Irei descrever com saudade
da lança do meu coração judaico
cada esquina, cada terreno
baldio onde eu andava
com as mãos enfiadas no
casaco quando fazia
muito frio / e eu,
recitava poemas
surrealistas e o kadish
sonhando com o amor
e com as praias tão distantes
de mim e tão próximas
ao sino marinho do
mar.
A casa verde é um silêncio
agora, mas eu via nela
querubins e arcanjos.
Eu me sentava triste e escrevia
e lia muitas coisas que o
jornal do norte publicava.
Em cada palavra um tédio
simples como um graveto,
em cada verso um
amor esquecido no
meio das nuvens.
Sonhos,
eu os anotava para depois
ler no escuro da luz da lâmpada
os textos de Freud.
Esperança, essa palavra
parece
uma maça verde
cortada em cima
da mesa.
Amor, essa palavra
parece uma lua
beijando o uivo
de um lobo.
Adamantina minha cidade
está llonge de mim, por isso
essa saudade como flecha
me invadindo o corpo,
me ferindo .
me deixando vivo
me deixando morto.
(-2018)

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