terça-feira, 2 de outubro de 2018

Felicidade



Eu também nasci em uma cidade que antes da destruição de Roma se chamava Buenos Aires.
Isso já faz muito tempo,
e as vezes não é bom confiar
em datas, nem mercadorias frágeis.
E
sei que entre a lentidão da minha memória
frágeis versos
poderia escrever
nesse idioma magnífico.
Mesmo
que não consiga dizer
que os muros são de Adamantina,
e que o céu daqui não tem as nuvens
de lá,
por isso sou morno, don Borges,
e quando leio Quevedo recordo
a beleza das ondas do mar.
Seria
essa a felicidade proposta
por Spinoza, meu caro Abarbanel?
Ou
Schopenhauer estava certo
como Buda
ao dizer que não podemos
ser felizes com nada que exista
debaixo do céu?

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