sábado, 16 de junho de 2018

Um ser se exprimindo


 
Estou impressionado com esse vazio que estou sentido. É fantástico, como pode ser uma coisa tão ruim, já que é útil? O difícil para o artista, na verdade, não é sentir-se só (afinal, quem não se sente só nesse mundo absurdo, grande e imoral como o nosso?), e sim, o produzir sua arte com uma dor agonizando o seu peito.

 Que dor seria essa? O impulso da matéria, forças negativas que regem o mundo conforme sua irracionalidade, ou um sinal que a criação da arte é como o nascimento, uma fonte de dor, lágrimas, berros, gritos...

  Não sei. Suponho que essas coisas possam fazer sentido para alguém. Não o faz para mim. 

  Vejo da janela o mesmo céu azul, várias nuvens se dissipam brancas e largas pelos meus olhos. Tento escrever uma peça teatral, e não consigo. Dúvidas me atormentam a alma, dúvidas insinceras, é claro.      Questões como o amor, a morte, não resolvo. Continuo no mesmo círculo infinito que Deus me colocou.

  Sou como todo mundo. Tento me levantar, e quando me levanto, lá vem esses seres inúteis que me rodeiam me dando rasteiras. Ora, a sociedade é a coisa mais ridícula que existe. Sério, principalmente a dessa cidade estranha e miserável em que vivo. 

  Quando digo essas duas palavras, "estranha" e "miserável", não as faço com o significado habitual que possamos encontrar no dicionário de dom Houaiss ou no de dom Buarque de Hollanda. 

 Estranha, porque não consigo entender esse círculo social que me oprime cada dia que passa. Primeiro, porque vivi em alguns tempos de férias entre Campinas, Guarulhos e São Paulo. As três pareciam mais largas e mais cheia de humanidade do que a cidade do meu nascimento. E isso não é estranho? 

Como posso me sentir mais seguro em cidades que aparentam ser a desordem diante de uma que é pequena como Adamantina? Bom, é que por ser uma pequena cidade, essa injustiça social, esse domínio pobre de ricos materialistas e incultos me oprime o ser, e pior, o de ver os pobres mais preocupados com festas do que se levantarem e tomarem tudo o que esses filhos do capeta tem. Salvo um ou outro caso de heroísmos, que logo são colocados na cadeia pelas "autoridades", que zelam pela ordem dos burgueses, esses porcos incompetentes que deveriam estar queimando no inferno (peço perdão aos animais por tais comparações). 

  Miserável? Bem, quando ando por essa cidade, posso observar a miséria cultural, social, que circula como uma panela de ignorância pelos quatro cantos de onde vivo. 

Espero que Deus venha agir o mais rápido possível. Mas ele já está agindo. É claro, não precisamos da ajuda do Senhor para a destruição de nós mesmos. Isso já estamos fazendo muito bem. 

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