quarta-feira, 27 de junho de 2018

Admirando a cidade

(Guarulhos) 

Antes de partirmos para o mar
podemos admirar a cidade que
nos cerca como uma fumaça,
uma fumaça fria e lenta que 

vem até a janela na forma
de nuvens, aviões, favelas.
Os olhos se sentem seguros
com tanta insegurança que

podemos ver com admiração:
veja, a moça que subiu até
a porta branca a fechou porque
estava sendo admirada sem 

permissão.

Esse frio que cerra os olhos
é a única coisa que pode
acalentar a imaginação 
saudosa, a cidade é um abismo.

As ruas são sinuosas, tortas,
e as casas são rústicas,
elas se elevam como torres
tombadas. São muito bonitas

de serem observadas.

Os grafites que cercam
o imenso muro da favela
são verdadeiras obras de
artes. Quem será o artista?

Deve ter assinatura,
só que é impossível
distingui-la no meio
de tanta luz e de tanta
sujeira. 

Mas essa sujeira
ao invés de nos dar
a repulsa que nos exprime
nos encanta totalmente a alma,

esse fruto que
aparece podre na
frente das lojas (e quantas
lojas existem por aqui). 

Podemos pensar em outras
coisas quando chegarmos
na praia. Vamos para
o litoral.


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