para w.b. yeats
Basta de luas quebradas nesses sonhos
incompletos de mais indolente fogo ou neve.
Colinas acimas estamos com frio,
e o vento é o abrigo dos olhos desesperados.
As cortinas abrigam nossas almas,
soluços de querubins negros, cor de petróleo,
e as asas de serafins belos, semelhantes
as mulheres que brilham com a pele de estrela.
As luas são o ponteiro da terra,
a terra é o ponteiro imóvel de um relógio quebrado
que gira mais rápido que o tédio
infinito que move todas as coisas no cosmo.
Existência, profunda como o mel das abelhas,
o ar que respiro é a fonte onde
o meu sofrimento é um urso de patas quebradas
e a minha alegria um elefante que recita poesia
de memória.
Chega de atirar pregos contra os inimigos,
pregos enferrujados que podem gerar fragmentos de milhos.
Eu quero o martelo, lançá-lo contra os bárbaros,
o martelo ou a foice, qualquer coisa que corte.
Os olhos fechados como caramujos encolhidos
enxergam do outro lado o rio que corre
desesperado para beijar o mar,
o mar, esse leite grosso e quente como o gozo.
E mesmo assim todas as coisas
estão diretamente interligadas ao vazio.
Como peixes sem cartola percorremos
as cidades, as tumbas, as lojas, as festas.
Toquem o clarim enquanto cavalgo
com os meus pés de hipopotamo
por esse mundo estranho, sem significados.
Grito como sempre, com a voz de panela:
Basta de luas quebradas nesses sonhos
incompletos de mais indolente fogo ou neve.
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