quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Guarulhos


Guarulhos. Primeiro
o arco, depois as empresas;
Depois do pontilhão
chegamos às casas.
Umas são bonitas,
outras são feias.
Como uma cidade
pode ter tanta dúvida
de si mesma?

Ou sua arquitetura
camufla as questões modernas?
É uma cidade muito inversa.
Culpa do vento, o mais gostoso
vento que se pode ter
notícias. Ou é porque
estamos dentro de casa,
e a garoa fina não nos
molha a alma
como realmente devia?

O céu é de um azul
tão claro que pode assustar
de felicidade momentânea
qualquer turista desavisado.

E aquelas árvores bem longe,
umas quatro, quase cinco,
são tão belas
quanto as casinhas
de tijolo da favela.

Penso no pãozinho
da padaria, buscado sempre de tarde.
O mais delicioso
e macio possível.
Na minha cidade o pão
não é desse jeito.

Quando escurece,
não se ouve cigarras,
nem o coaxar das rãns.
Aqui não se consegue ver estrelas,
não porque não estejam em exposição,
mais porque tem muitas nuvens
que cantam no escuro
suas gotas lentas

e frias.

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