sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Gazel do menino morto

Gazel do menino morto

E fui pelas bibliotecas
procurando livros e pessoas.
Não encontrei nada
a não ser palavras e mel.
Fui pelas bibliotecas,
não, com o corpo quebrado,
com o amor desperdiçado,
fui pelas bibliotecas.
Ai, solidão de luares tantos,
fui pelas bibliotecas,
observando os pássaros
mortos nas janelas,
fui pelas bibliotecas,
sim, pelas praças
desertas, pelos mares
dos olhos constelares,
fui e não fui,
fui e sim não fui,
fui morto pelas bibliotecas,
cada livro era uma tumba,
cada palavra um lenço,
e fui pelas bibliotecas,
decifrando letras e números,
sem entender nada,
sem entender tudo.

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