domingo, 29 de outubro de 2017

Gazel do mapa marinho

Gazel do mapa marinho

É o mar... Tentei não olhar.
Do outro lado, o lado esquerdo
E lá estava o molhado mar.
O mar, molhado, parecia
estendido como uma régua.
Era o mar. A primeira vez
que eu o via. Fazia frio.

As nuvens do céu
estavam pálidas, gaivotas
cantavam agitadas, e o mar
pastoso, leitoso, parecia
um peixe se agitando na
praia.

Engolir o sal da água
é esquecer a lição primária
de que a água do rio é doce
mais a água do mar é salgada.

Poderíamos passar
a tarde inteira se lembrando
de cada onda golpeando
o rosto, o frio (ah, não era
tão frio assim, se não não

teríamos entrado dentro da
água), parecia um lento
piano nos tocando, enquanto
sentávamos na areia para

escrever os nomes.  

Poderíamos viver aqui
eternamente olhando as
águas se agitando com o
vento, observando os
pescadores e as lindas
meninas entrando na água,
dando gritinhos histéricas
e assustadas, afinal a água estava
gelada.

Por fim sempre encerramos
o livro que estamos lendo.
Temos que voltar e subir a cerra.
Que triste despedida essa,
pois o mar não responde nenhuma
carta que possamos enviar.

O viajante apunhala um
punhado de conchas,
pensando em comércio,
ou talvez apenas alguma
recordação para em casa
guardar.

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