Balada da sereia oriental
Nos rios dos teus cabelos
gotas de petróleos mancham
minhas roupas em forma
de lábios feitos de papel e vidro,
enquanto caminhas olhando
para cima o vento surpreende
o teu coração com lentos leques
de dores indecifráveis e mistérios,
e você se lembra de mim
enquanto a lua dança uma canção
em teus cabelos negros, puros,
ai, que cabelos puros e negros
que ela tem,
forma do rio geométrico que
percorre a paixão nos olhos,
que fere, que agride, que arde
o amor com pelos e mágoas,
não sei dizer quem decifrou
teus lábios para escrevê-los
em meus versos dentro do
outono em silencio,
mas ela não estava em silêncio
nem a morte, nem o dia, nem o
pequeno lamento do galo cantando,
uma gota de petróleo manchava
o meu coração,
ela não era loira, mais morena
como as pétalas da noite,
e por quê sangravas
companheira, quando o teu nome
era repetido pelas altas cidades?
não, eu não sei viver sem tua voz
e seu amor é o que me impulsa
a escrever descrevendo as coisas
mesmo não entendendo nada,
é nesse rio que vivo, morrendo,
vivendo, morrendo, renascendo,
sendo puro como as algas escuras,
escondido nos teus beijos,
ó lembrança de marfim em
teus cabelos tão puros, tão negros.
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