terça-feira, 4 de abril de 2017

Meditando

Com o meu caminho cinzento
vou compondo versos sobre a chuva.
O frio e o vento me fazem companhia
enquanto leio antigos poetas hebreus
e saúdo os profetas e o Messias em 
meu canto solene, em minha harpa.

As gotas da tempestade estão caindo.
Essa casa não é minha. Mas enquanto
medito sobre isso, com os livros sob'
os meus olhos e os óculos redondos
em minha cara judaica, vou me lembrando
que nada nesse mundo me pertence.

Outra vez o E'terno me faz pensar
em sua graça dominadora e Santa.
Componho versos para espantar
a tristeza e a alegria (mascaras
que me chamam nesse mundo).

Continuo o mesmo apaixonado de antes.
Minha mulher me chama do outro lado.
Sou tão jovem que chegam a pensar
que esse anel que carrego em meu dedo
é apenas fruto dos meus delírios.

Tu és virtuosa como a chuva,
por isso o E'terno D'us quis
nos unir nesse momento.

E enquanto seus beijos
vão me inundando como
ondas em choque contra
meus lábios silenciosos

ouço sua voz recitando
lentamente os provérbios.

Um dia, quem sabe, irei
de volta para os campos
e regressarei lentamente
a Israel, andando e cantando,
levando meu casaco preto
no corpo, meu chapéu escuro
em meus cabelos encaracolados e grandes,
com uma barba grande e cinzenta,

porque aqui não tenho mais apoio.

Mas enquanto a tempestade vem
e me invade profunda e lenta
tuas mãos, ó esposa virtuosa,
me lembram das maravilhas
do E'terno.

Então compreendo tudo.
E choro e sonho e regresso.
Essa é a minha nobreza.
E a tempestade entendeu
Esse sonho de ser novamente

Um judeu camponês
e alcançar além da tempestade
como uma águia
os beijos dela e o trono de D'us.

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