segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Quadrilha


Eu comi a carne, comi o sonho e comi o amor
Depois devorei a fantasia, vomitei o tédio e abracei a ilusão.
Comi os lábios, os cabelos, e os olhos dela
E depois de um momento devorei a razão.
Eu comi a aliança, o sobrenome dela e o cachorro sarneto
Da rua 24. Depois devorei a inspiração, rasguei o sentimento
E joguei fora o mal do coração. Depois disso bebi uísque e cerveja
Lembrando que também comi a solidão.
O meu dia se tornou noite, o meu inverno se tornou verão
Olhei janelas, portas, ruas,
Comi o amor, o sonho, devorei e mastiguei a carne.
E o amor? Acabou? Sumiu? Ou nunca existiu?... e o verso?
Sentiu? Partiu? Ou nunca existiu? E a vida?
É isso: sem nenhum sentido?
Eu comi a carne, comi o sonho e comi o amor
Depois devorei a fantasia, vomitei o tédio e abracei a ilusão.
Não visitei o sul, nem o oeste, me apaziguei ao leste ao nordeste.
Eu comi o abraço, a saudade, e os momentos de alegria
Comi o pai, a mãe, e o Espírito Santo também comi. Comi o universo
A navalha, o espaço e a Alegria. Comi o carvão, o sol, a luz marinha
Além de comer a morte & a vida eu devorei o santo e a santa.
Depois disso tudo nasceu a escuridão, e devorei meu coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário