VERSOS LIVRES: TRISTÍSSIMA ALEGRIA
Dedico a todos que me rejeitaram, sem exceção!
a agonia
Oh dor no peito, essa que me irradia,
E deixa os dias claros de uma
Imensa forma de sofrimento que
Parece que o sentido da vida é
Viver, sim, mais viver morrendo.
Óh agonia alucinante, essa de
Estar sofrendo por dentro.
Sem entender de onde nasce essa
Dor (e grita aos Céus, Meu Deus!)
Porque dói o peito, e o Coração,
Esse órgão misterioso que bombeia
O sangue por todo o corpo
Faz o pensamento chorar e gemer.
Deus me livre viver sem essa agonia!
Eu, que lembro de todas as infelizes
Moradias desses seres que me rodeiam,
Assim como eles penso: Sofro, Medito,
Penso que isso é apenas o começo
De todo o misterioso e verdadeiro
Sofrimento.
DIÁRIO
Alvíssaras que deixo
Aqui transpostas
Em uma enigmática
Caligrafia fina e feia.
Quem me dera ter feito
A balaustre do concreto,
Eu que ouvi o não beneplácito da professora matemática.
Vou deixar nesse deletério minhas
Insalubres desasnadas
Que nunca me deixou empedernido
Por essa sociedade mendaciosa.
Ó ósculo putrefato que deixo
Aqui nessa quintessência da
Minha imaginação: nunca me vereis sorrir, óh tergiversar
De um taciturno zoomórfico.
A SOMBRA
Eis eu indo embora do trabalho:
Deus que me livre! Eis que me segue,
E eu a vejo: a Sombra.
Ó forma estranha e escura,
Obrigada a me seguir quando
A luz volteia meu corpo
E reluz meu espectro de
Certa forma mística.
Não entendo. Por que me segues?
A sombra nada diz, silencia
Sua taciturna missão de
Me seguir por onde vou passando.
TRISTE AGONIA
A tarde de certa forma cai,
E metaforicamente vai transformando
O laranja do pôr do sol em negror.
Óh que beleza de sofrimento que
Me abate o coração com esse tremor.
Tremo e temo as coisas que
Não sei e não entendo o que me
Faz zoologicamente prosseguir.
Fico então a pensar no espírito disperso
Que une a pedra, a árvore e o meu ser criança
Como um anel enorme sem fim de aliança
Me rodeando com todas as coisas do Universo!
E se grito, choro, pasmo ou berro,
Nada disso importa ao humilde cemitério.
Onde todas as gentes mortas se Encontram
Em um musical de silêncio eterno.
PARA AUGUSTO DOS ANJOS
Óh meu irmão belo, que jás morreu,
Leio teus versos e sinto no
Espírito o ardor de dizer
Tudo aquilo quanto é seu:
O podre, o morto, o feio,
O escarro numa boca que beija
Sem sentir a dor do peito.
Veja: tudo isso é teu!
Deixa eu cantar também
O urubu que me volteia
E os vermes que me rodeia,
Esses mesmos vermes que te comeu*.
comeu ou roeu ou desapareceu podem encerrar esse verso, fica ao critério do leitor que lê-lo pela sonoridade física do seu ouvido poético.
INSÔNIA
Não vou dormir mais. Me assombro!
E quantas sombras me rodeiam
As íris dos olhos que em silêncio
Meditam em algo que não entendem.
Tenta pensar no cordeiro que
Vai ao abate derramando lágrimas
Sem dizer qualquer palavra.
Esse cordeiro é a humanidade inteira.
E penso que tão gentil ser
Onipotente assiste esse espetáculo
Sem dizer palavra alguma para
O nosso coração que chora.
Fecha os olhos. Passou a hora.
E lentamente tenta descansar
Da agonia que fere o retumbar
Do peito cardíaco que chora.
versos
mi
NHA
pequena carriola
levando ferro ao ferro velho
para ser explorado
pe
los
homens iletrados
que me roUbaM.
ó lembrança
latina
de
vi
ver
entre gente burra
e emburrecida.
não é
tempo de lágrimas
verter.
se ao menos
isso
não
é tempo
acho
de aprender.
UM SONETO
Chora o homem. Lágrimas de
Crocodilo imenso. Medito e
Penso. Quão hipócritas somos.
Não se dê dó. Esses escravos
Que também açoitam. E lá
Vão esses falsos. Tomam
Seus remédios e gritam
Que são cristão de fato.
Basta um olhar para a
Humanidade inteira e sentir
As náuseas do vômito descer
Pela garganta que eleva
O mais belo grito do ser:
Desses humanos que são falsos.
O SOLDADOR DE EMOÇÕES
Vejam, eu não cobro nada:
Sou o soldador de emoções.
Pode sentar no meu divã
E irão deixá-lo à vontade.
Diga-me o que aflige esse
Cansado peito de dores imensas.
Dó
I
O
A
mor doutor
deixa disso, eu digo,
aprende a sentir prazer com
a dor
AMIGO EU QUERO DIZER QUE O SEXO É SEM SEXO EM NÓS DOIS
vamos pela estrada
emoções
soldadas.
o dia do julgamento
você está apaixonado, por mim, fale sacanagens, quando o mundo inteiro está na lama e vocÊ vive em um lindo paraíso, alguma coisa está errada. não acha?
isso é 5
vamos, o amor está
pedindo
tempo para amar
tempo para
derramar lágrimas
tempo para dizer
um EU TE AMO
com amor.
TRISTÍSSIMA ALEGRIA
Escuta: é a alma do universo
Que geme nesse exato momento.
Essa tristíssima alegria
De se estar contente sem motivo.
Vou moldar meu canto dentro
Dessa natureza inóspita e verde.
Abraçar as chaminés e as tulipas
Que estão no jardim da alma.
É belo sentir, e chorar, e cantar.
Cantar também é dizer, sentir
É uma coisa bela, um modo de sofrer.
Escuta: é a alma do universo
Que geme nesse exato momento.
E ouça: é a voz Santa do Cordeiro.
SONHO
Sonhei com meu avô. Chovia.
Era sonho, tudo escuro. Noite.
Eu via belos girassóis imensos,
Maduros entre as lágrimas
Das nuvens que sobre mim caia.
Meu avô, meu velhinho, meu Joaquim,
Aquele sábio que por amor
Fazia o mais belo café com
Leite que eu já provei no mundo.
E eu ia. E quem ia comigo?
Uma moça, ou um jovem,
Que queria ir para casa.
Comigo. Era eu e ela.
Talvez fosse ela, não sei.
E mesmo assim, sei que sonhei, apenas.
MONÓLOGO ÍNTIMO DE UM ROUXINOL BRASILEIRO
Sol e chuva, e teço a canção.
Quem pode entender a aflição
Bela que carrega o lírio
Que chamamos poéticamente
De coração?
Meu amor é um caracol.
Beijos e girinos me seguem.
Tristíssima alegria me
Colhe a alma de latino.
Chove lá fora o temporal.
Aqui dentro a alegria imensa,
Estranha é a festa da alma.
A alma, chama da colheita,
Canta uma menina doce canção.
Eu sou um rouxinol de poemas.
CANÇÃO ÍNTIMA
Nunca sei o que vou dizer.
Então me calo na escuridão
Dos sonhos imperfeitos onde
Imagino a bela perfeição.
Uma moça me toma pela mão.
Me carrega por esse lago
Onde vemos belos peixes
Vermelho.
Pasmo, sinto o vento,
Alegre choro e vislumbro
Lá no alto estrelas luzindo.
Então, a poesia é isso?
Talvez um dia eu tenha
A resposta em uma pintura.
Hoje tudo é literatura.
VISITA AO JAPÃO (IMAGINÁRIA
Eu visito o Japão
Por outros olhos.
O Japão distante,
O Japão imaginário
Que minha alma
Construiu a muito
Tempo atrás com
Poesia sobre velhos
Sapos belos pulando
Sobre antigos tanques.
Meu espírito bushido
Fez coisas extraordinárias
Pela paz poética do mundo.
Paz e harmonia, meu Deus,
Existem palavras mais belas?
DE UM POETA JAPONÊS
Velho tanque
No jardim asiático.
Um sapo pula.
Rumbor de algo.
As ilhas lá
Longe da vista.
Belo pássaro.
Que a paz dure
Pelos próximos anos.
Até o pedregulho
Se tornar rochedo.
A lua é branca.
A noite é negra.
Beleza de estrelas
De muitas cores.
Moderno sentimento de paz
Assopra o vento
Sobre os meus cabelos.
É belo existir.
A VIAGEM DE CHIHIRO
Lágrimas nos meus olhos.
A natureza me rodeia.
A música de Chihiro é bela.
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