O mar não é aqui em minhas feridas de trabalho.
Nem de manhã choro marshmallows, de fome
ou sorrisos de vinagres, ou seja lá o significado
de tudo o que escrevo em meio ao caos da minha
mente.
Ai, Deus, quanta falta o Senhor me faz...
Minha imaginação trabalha com as coisas que
possuo: terra, folhas verdes caídas no chão azedo,
limões estragados na fruteira, solidão, livros empoeirados.
Meus amigos me abandonaram porque já estão mortos,
minha família me envolve com tentáculos de felicidade,
minha pátria é cheia de fumaça e névoa amarga,
minha cidade é apenas um buraco.
Lembro do azul marinho enquanto as lágrimas
do seu rosto vão se camuflando em minhas lágrimas.
Sou eu quem está chorando, ou você está copiando
o meu suor salgado em seus olhos de marisca?
O mar não é aqui.
Tenho uma imensa saudade das estrelas e do luar de ontem.
Tão amarela estava a lua que me deu saudade de cantar.
Não consigo mais escrever nenhuma frase,
nenhum dicionário pode me envolver com mãos afáveis.
Minhas palavras gaguejarei para as nuvens do poente.
Os rios sujos das estradas cobertas de serafins
ficarão encobertos na memória sangrenta do poeta.
O mar não é aqui em minhas feridas de trabalho.
Deve significar alguma coisa.
Tudo isso deves significar = ou insignificar algo.
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