sábado, 9 de julho de 2016

p.s


Crio o meu mundo a tua volta
e perco os meus olhos puros
dentro de tua sombra amarga.
Me envolves sonolento e quieto
em teu coração cinzento e pulso
como um peixe em desespero
tentando me libertar de teus
beijos de amor e de vulcão.
Em ti está todo o meu coração
violento como uma sarça que
se queima solitária no meio
do campo imenso e triste de
uma lágrima, de uma tempestade,
de uma brisa que passou imóvel
por mim quando eu sonhava em
ter tudo o que o mundo não me deu.
O meu coração é vermelho
como o sangue do touro morto
no circo da tourada, o meu coração
é cinzento como a máquina elétrica
das fábricas fechadas, o meu coração
é uma serpente que se enroscou dentro
do meu peito, o meu coração é um
pequeno objecto escrito pelo tempo.
Mais você cabe tanto no meu
coração... Você e tuas mechas,
você e tua boca, você e o teu seio,
você e tuas nádegas, você e o teu
rosto belo e sombrio que me desespera
de amargura, de ansiedade, de depressões
silvestres.
Coloque o meu nome dentro
do poço sinistro do mar, coloque
a água azulada do oceano em
uma estrela amarela para que
os meus versos possam te alcançar
sem que um arame farpado nos
prenda.
Ai, suspira o meu nome na
luz do dia, do sol, da ameixa,
da amora, da manhã, das ilhas
orientais...
Eu suspirarei o teu nome dentro
da tempestade, da noite veloz,
do dia silencioso, da manhã amarga
do dia que se perde para se esquecer.
Não vês, minha mariposa,
que te amo tanto e tudo?
Não vês que sou isso o
que não sou quando penso
que te amo?

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