quinta-feira, 18 de abril de 2013

fluxo

O rio havia secado. De hora pra outra, sem antes mesmo d' a lua se reflectir sobre sua imagem. Então decidiu-se abandonar o lugar para encontrar novos caminhos, novas veredas para atravessar. Achar carne. Foi por entre as árvores que vivia, graças a chuva de uns dias não morreu de sede. Só que secará o rio, e já não havia jeito: era partir ou morrer. Morrer de fome. Morrer de fome é pior que morrer de falta de inteligência: dói e se sente muito. Parou para descansar ante uma toca de cascavel, sem saber dormiu ali mesmo. Descansou-se. De dia raiva o sol, como se fosse o ontem se formando de um hoje belo. O rio continuava seco, e precisava de algo pra comer, mais não avistava presa nenhuma por entre aquelas árvores altas, e tinha fome por que rosnava o estomago. Quando fome aperta, comida tem que se encontrada. É a lei natural: de descendente a descendentes! E lá se foi, se embrenhando por uma parte que sobrara com pequenas poças d' água do rio seco, e subiu por entre os matos que por ali havia. Deduzia que esse era seu caminho, já que vivia de sono e brisa de vez por outra. Dos outros lados nada sabia, e por suas patas caminha lento, despreocupado, olhando com os olhos que por ventura lhe foi deixado de herança. Subiu primeiro por onde dava, sem arriscar o couro em um duelo com um rinoceronte que também cruzava ao outro lado, em outro caminho, solitário como o próprio. Apenas com uma unhada rugida, tentou afastar o rino, como se temendo-lhe o chifre entrar no coração. Quietou-se o destino, por natureza e paz era feito o imenso rinoceronte, e caminhou para o outro lado sem encarar o rugido da onça. Não sabia-lhe que o destino arquitetara vida e morte. Pisou a grama antes de escancarar com o teu rosto no sol. Os olhos queimaram-se da luz que atravessou-lhe as pupilas. Do seu rugido ficou a lembrança do rinoceronte: passando, passando a onça e o animal encoroçada  semelhante a tanque. Tanquenebroso para a onça. O blefe lhe calou o orgulho, passou um dia de fome: a lua iluminou o lugar onde estava. Dormiu em de repente...!... E de repente se arraiou a luz do sol: canto de galo não se havia por ali. Andou de novo, sem rumo, avistada pela árvores que de conversa com ela não proseavam de se dispor: felino e flora não se dão, dirão? Passou! Ah, mais antes que chegaste ao tal lugar, de pouca fé quis descansar e acho lugar acolhedor, uma ovelha em sua frente não se fez feio: acabou-lhe a fome. Porém achou-lhe o pastor que em piedade da ovelha lhe apunhalou com tiro certeiro e rápido >.... acertou-lhe as entranhas, o coração parou. Morreu. Depois chegaram a dizer que um fazendeiro disse: Ficou sabendo? A chuva encheu o rio de novo! Foi empalhada por um americano, ditou ele em terra sua que havia apunhalado o animal. O animal que fugira da seca do rio...

 

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