para c.s. lewis
Ó sombra rubra, ó bruxa em vermelho,
cujo manto é tecido com sangue e brumas,
teus olhos são luas de ferrugem,
e quem ousa fitá-los torna-se pedra —
colunas frias num templo profano.
Ela sussurra como vento nos ossos,
planeja tronos e coroas partidas,
quer subjugar os homens com um gesto,
escravizar-lhes o sopro e o destino,
pintar de púrpura os muros do mundo.
Mas veio o menino chamado Hésperus,
não com coroas, mas com alvoradas nos olhos.
Em suas mãos uma espada lamejante,
forjada em ouro como sol encarnado,
um raio sólido de aurora celeste.
Quando a feiticeira ergueu-se em risos,
cercada de estátuas — súditos petrificados,
Hésperus rompeu as trevas do feitiço:
o fogo cortou o véu de carmesim,
e o coração da bruxa foi silêncio e cinzas.
Então os homens despertaram do mármore,
as colunas quebraram em pó leve,
e do peito do menino ardia uma estrela,
como se o céu inteiro tivesse jurado:
nenhuma sombra é eterna.
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