Ergui de pedra fria a torre ao céu,
na orla onde o mar eternamente ruge;
lá repousou meu filho, sombra e luz,
que a morte em seu silêncio me concedeu.
Oh, muralhas! Contra o abismo erguidas,
não guardam contra a onda que consome;
o mar, em seu bramir, não lembra o nome
dos mortos nem das dores já vividas.
E assim compreendo: nada se resguarda,
nem pedra, nem o sangue que me resta;
a vida é só banquete que se gasta,
e a morte, hóspede oculta que nos guarda.
O mar devora torres e destinos:
só o vazio nos chama — e somos finos.
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