quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A Torre

 Ergui de pedra fria a torre ao céu,

na orla onde o mar eternamente ruge;

lá repousou meu filho, sombra e luz,

que a morte em seu silêncio me concedeu.


Oh, muralhas! Contra o abismo erguidas,

não guardam contra a onda que consome;

o mar, em seu bramir, não lembra o nome

dos mortos nem das dores já vividas.


E assim compreendo: nada se resguarda,

nem pedra, nem o sangue que me resta;

a vida é só banquete que se gasta,


e a morte, hóspede oculta que nos guarda.

O mar devora torres e destinos:

só o vazio nos chama — e somos finos.


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