Beatriz estava olhando pela janela as gotinhas da chuva deslizando pelo vidro até chegarem na madeira da casa. Ela era uma menina muito bonita, branca, olhos de um verde muito vivo, cabelos ruivos.
A tempestade tinha começado no dia anterior, quando ela ainda estava dormindo. Tom, seu irmão, já tinha ido para escola. Sua mãe estava sentada, tomando uma xícara de café e comendo um pedaço de torrada.
- Mamãe, será que o papai vai demorar para chegar hoje? -Ela perguntou.
-Nao sei, Beatriz -disse sua mãe. - Acho que ele vai chegar mais tarde. Graças a Deus ele está tendo horas extras.
- E isso é bom? -Perguntou Beatriz.
- Sim minha filha - disse sua mãe. - Isso é muito ótimo. Isso ajuda no nosso orçamento. Isso é coisa para adultos. Você é ainda muito pequena.
Beatriz voltou sua atenção para a chuva lá fora. Ela não tinha ficado nada contente com sua mãe chamando ela de pequena. Ela podia entender de muitas coisas, afinal, era uma das melhores alunas na turma de matemática da escola.
Foi então que Beatriz notou que o dragão que seu avô tinha trazido de aniversário para ela estava na chuva.
Ele era um dragão de cor azul, muito grande, semelhante a um crocodilo. Ele estava voando de um lado para o outro, contente, embora os dragões geralmente não gostem de ficar na chuva por causa do seu fogo interior.
-O que ele está fazendo na chuva? -ela pensou. - Eu prendi ele ontem na casinha dele. Acho que ele conseguiu escapar da corrente de lagartixas de fogo.
O dragão parecia escutar os pensamentos dela. Ele olhou para ela com aquele tipo de olhar que os adultos fazem para nós, quando quebramos alguma vidraça com a bola de futebol. Beatriz achou engraçado, e apontou para o dragão, que se sentiu ofendido. E de raiva começou a bufar faiscas de fogo, que evaporavam por causa da chuva que caía.
- Olhe aqui, mamãe. O dragão que o vovô me deu de presente está tentando te imitar.
- Filha, não deixe o dragão por muito tempo na chuva - disse sua mãe.- Ele pode pegar um resfriado.
- Pensei que os dragões fossem resistentes a esse tipo de doença - disse Beatriz, animada. - O vovô disse que eles gostam de água.
- Eu já tive um dragão de fogo - disse sua mãe. - Eles não são resistentes a água como os dragões de gelo. Esse que você ganhou pode ter cor azul, mas ele é da espécie de dragões que cospem fogo. Esses não gostam de água de jeito nenhum!
Beatriz olhou de novo o dragão que agora estava puxando o rabo do cachorro são-bernardo. Não para implicar com ele. Só estava fazendo isso para que o cachorro saísse da sua casinha para brincar também na chuva.
- Esse dragão gosta de amolar o cachorro - disse Beatriz. - É melhor eu colocar ele pra dentro.
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