Já caiu a noite
e a cidade não dorme.
O que dorme
são os nossos olhos,
que dormem de dia
porque buscam na
noite alguma estrela
perdida para consolar
o coração moribundo.
Quantas raízes escuras,
quantos becos sem saída.
Do outro lado da vida
está a morte, com sua foice
de luas.
Dentro do dia há uma noite
que saltita como uma perereca
buscando alivio em uma lagoa.
Solitária, a cigarra canta,
sem se importar se chove
muito para o caracol,
enquanto a tartaruga resume
sua vida a ler alguns livros
sagrados e tatuagens.
A cidade não dorme
porque pega fogo.
De um lado o sol
do outro o luar.
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