...desde que te amo, amo o mundo inteiro...
franz kafka, escritor tcheco
Aquelas mãos segurando a lua pareciam querer desabar
como uma tempestade quando os nossos olhos, dois globos,
planetas feridos pela distância, se encontraram.
Ela não falou primeiro. Eu perguntei o nome dela.
Qual o seu nome? Ela não respondeu. Fiquei triste,
e levantei-me para sair da mesa, quando a mão dela
me interrompeu o gesto de saída:
-Meu nome é Tatiana. E o seu?
Meu nome.
É claro que naquele momento minha cabeça
fez questão de parar os meus pensamentos.
Meu Deus, eu não conseguia lembrar o meu próprio nome.
-Você pode esperar um pouco? - perguntei, um pouco com vergonha.
-Claro. Mas não demora muito, tá?!
-Tá!
Fui ao banheiro, urinei. Lavei as mãos com muito sabão. Peguei meu
documento de identidade e vi escrito com letras de governo: Samuel.
Meu nome de batismo escolhido por meus pais era Samuel. Um nome
bíblico, hebraico. Se não me engano, e eu me acostumei a me enganar
muitas vezes, esse nome significa "ouvido por Deus". Alguma coisa assim...
-Me chamo Samuel.
Ela suspirou.
-É um nome muito bonito.
-Você acha mesmo?
-Acho.
-E o seu é muito mais...
Ela sorriu. Percebeu a minha tentativa de agradá-la. Afinal acabamos
de nos conhecer. E eu sempre fui um jovem tímido e solitário, retraído.
-Gostei de você.
-E eu de você.
Eu suspirei.
Estava escrito.
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