Não me lembro as palavras que eu ia escrever
Não me lembro as palavras que eu ia escrever
o sono, a luz, o dia, o sol amarelado de suor
me pareciam tão rotineiros e simples como
uma maça estragada no chão.
Lembrei-me por puro acaso do oceano imenso
do outro lado da terra em que me prenderam.
Pobre pássaro, preso na gaiola, alimentado
com amor e humildade por seus opressores,
entoa versos de amores que ninguém ouve...
Lembrei-me do oceano, e pouco a pouco fui
recordado do brilho das estrelas: intenso
reflexo noturno dos teus olhos azulados de esperma.
Não me lembro as palavras que eu ia escrever,
talvez porque o dia fosse mais angustiante do
que o silêncio da tarde ou da manhã, e a noite
profunda como a raiz abandonada de uma árvore
não me revelasse mais os seus gemidos de pantera.
Quem me dera no silêncio dessa gaiola (santa atmosfera)
delirar uma última vez em teu olhar profundo e amoroso,
contemplando o mar azulado, dançarino da terra
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