Ninguém
Ninguém me publicou; ninguém me leu. Ninguém me ajudou, ninguém me entendeu. Ninguém abriu as portas, ninguém trouxe tintas para mim. Ninguém me levou a sério; ninguém riu das minhas piadas. Ninguém me deu remédios, ninguém me visitou doente. Ninguém acompanhou minha escala; ninguém viu meu sucesso. Ninguém viu minhas derrotas. Ninguém me apertou as mãos. Ninguém fez negócio comigo. Ninguém me ajudou a atravessar a ponte com aquela ventania terrível. Ninguém me protegeu da chuva. Ninguém me ofereceu um guarda-chuva. Ninguém ouviu meus conselhos. Ninguém escutou minhas histórias. Ninguém assistiu as minhas peças; ninguém quis comprar papel para mim. E, mesmo assim, gritei em alta e branda voz para alguém.
Quem? Ninguém!
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