A névoa branca se excedeu por cima do verde
do campo, quando visto da janela.
A nossa vista ficou totalmente iludida
diante de tanto branco, um branco que
chega parecer a fumaça de algum motor enguiçado.
As vacas que estavam no pasto continuam lá,
comendo o capim petrificado de gelo e de vento.
Contei umas sete, quando passeava por ali.
Uma, a mais bonita de todas, era preto-e-branco
de cor, e parecia ser a mais velha, porque estava
rodeada pelas menores.
Acho que as flores ficaram murchas com tanto
vento. Na rua, vi apenas uma, roseada, se abrindo.
A chuva fria e quieta, deve ser sinais de mudança.
Pela janela dá pra ouvir dois discursos: a oratória
da tempestade fina que cai, gota à gota,
chicoteando as telhas com teia de aranha,
e a propaganda política dos que competem
pelo controle da prefeitura da cidade.
Ah, então isso é aproveitar a tarde de agosto?
Não ter nada para fazer, a não ser
recitar de trás para frente poemas
velhos de velhos livros empoeirados?
O céu pareceu se condoer da nossa tristeza
e quis nos presentear com um belo espetáculo
de azul e branco. O sol, artista nato,
seduziu uma pequena poça de água
formada no meio do barro vermelho
no canto da casa.
Um silêncio de ouro pode muito bem
aplaudir esse espetáculo sonoro
de fim de agosto.
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