FRIO
Há um frio estranho no ar,
uma fumaça de vento,
um sopro de neve.
Talvez seja apenas
o mar bradando
contra a areia da praia.
Solidões imensas acompanham
as vozes das gralhas.
Graças a Deus o cantar
dos grilos ficou esquecido.
Há um muro, e nesse muro
triste e pálido, uma pequena
mariposa sonha mil sonhos.
O sol está triste, a nuvem
amanheceu branca como
um touro sem chifres.
Do outro lado do mundo
um mapa indica ao japonês
uma estranha melodia brasileira.
Meu sorriso virou uma borboleta,
um prego, uma cruz.
Do outro lado, do lado esquerdo,
o coração se tornou um navio errante
pelo mundo, até aportar em Santos,
ou Tel-Aviv, ou Londres... qualquer
capital cheia de pessoas inuteis.
Basta. Do outro lado ergo a taça.
Há um frio estranho no ar,
por isso uso tinta e papel para
aquecer minha alma.
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