sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A MAGIA OCULTA

 A MAGIA OCULTA


O tempo não quis ver o meu rosto,

Mesmo que pensei sordidamente que

Era apenas uma mariposa.

O tempo não quis me ver.

Minha barba cresceu como

A barba de um fauno do rio.

Noites severas castigaram

Os meus chifres serenos.

Por causa de um segredo

Tive que me alimentar de

Uvas bravas por mil anos.

Séculos e séculos não procuraram

O meu nome nos livros.

Justamente eu, aquele que

Dizia verdades com o Espírito.


Cavalguei triste com as mãos segurando

As celas do cavalo invisivel, 

E gotas de névoa nas árvores perfumadas

 Me diziam: _ Vejam as abelhas como trabalham

Contentes para sobreviver.

Calvaguei triste, e adormeci no gramado.


Uma bela fada nua com os seios de maça

Me trouxe na mão esquerda uma lua de avelã,

E na mão direita um sol verde como

Uma colina com mil frutos.

Me disse a bela criatura: 

— Sou a única que podes te ensinar

A magia oculta das eras antigas.

— Seria eu — perguntei encabulado, enquanto ela me coroava.. — O receptor de tal dom

Sem que entenda a linguagem das fadas?

— Diante das montanhas e da natureza,

Dos deuses do campo e dos bosque s — ela disse, com a voz embargada. — Te dou

A coroa das fadas, para que vejas os Abismos e as Fontes!



Desperto como se dentro de um espelho,

A noite me coroava como príncipe dos duendes.

No meio da testa morena uma estrela prateada

Pulsava como uma truta de ferro e ouro.

Levantando a cabeça do gramado molhado

Olhando no bosque mil elfos e duendes dançavam.

As fadas sem roupas nuas pareciam estrelas cadentes,

E os faunos tilintavam sinos de ouro reluzentes.

Quando a memória tentou se aproximar deles

Desapareceram como a chuva que brilha de manhã.

O tempo apagou as marcas de seus pés,

Suas mãos não estavam mais nos carvalhos tombados.

Meu rosto ficou envelhecido como um mago.

E tudo ficou esquecido no baú da

Magia Oculta de outrora. 

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