A MAGIA OCULTA
O tempo não quis ver o meu rosto,
Mesmo que pensei sordidamente que
Era apenas uma mariposa.
O tempo não quis me ver.
Minha barba cresceu como
A barba de um fauno do rio.
Noites severas castigaram
Os meus chifres serenos.
Por causa de um segredo
Tive que me alimentar de
Uvas bravas por mil anos.
Séculos e séculos não procuraram
O meu nome nos livros.
Justamente eu, aquele que
Dizia verdades com o Espírito.
Cavalguei triste com as mãos segurando
As celas do cavalo invisivel,
E gotas de névoa nas árvores perfumadas
Me diziam: _ Vejam as abelhas como trabalham
Contentes para sobreviver.
Calvaguei triste, e adormeci no gramado.
Uma bela fada nua com os seios de maça
Me trouxe na mão esquerda uma lua de avelã,
E na mão direita um sol verde como
Uma colina com mil frutos.
Me disse a bela criatura:
— Sou a única que podes te ensinar
A magia oculta das eras antigas.
— Seria eu — perguntei encabulado, enquanto ela me coroava.. — O receptor de tal dom
Sem que entenda a linguagem das fadas?
— Diante das montanhas e da natureza,
Dos deuses do campo e dos bosque s — ela disse, com a voz embargada. — Te dou
A coroa das fadas, para que vejas os Abismos e as Fontes!
Desperto como se dentro de um espelho,
A noite me coroava como príncipe dos duendes.
No meio da testa morena uma estrela prateada
Pulsava como uma truta de ferro e ouro.
Levantando a cabeça do gramado molhado
Olhando no bosque mil elfos e duendes dançavam.
As fadas sem roupas nuas pareciam estrelas cadentes,
E os faunos tilintavam sinos de ouro reluzentes.
Quando a memória tentou se aproximar deles
Desapareceram como a chuva que brilha de manhã.
O tempo apagou as marcas de seus pés,
Suas mãos não estavam mais nos carvalhos tombados.
Meu rosto ficou envelhecido como um mago.
E tudo ficou esquecido no baú da
Magia Oculta de outrora.
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