quarta-feira, 25 de abril de 2012

Questionamentos em um dia frio. CONTO

O sol brilhava em ponto ás sete da manha. Maria Rita levantou. Um pouco descabelada e cansada, pois tinha retornado do carnaval de sexta. O dia de sábado estava totalmente frio, e ela fitou um pouco a janela, buscando encontrar forças para levantar e se molhar na água fria e gelada que iria colocar no rosto. Levantou, olhou para o espelho: "Aqui estou eu... que noite... que noite... O que aconteceu com... deve ter ficado lá. Não me lembro de nada". Rita se encarou, cara a cara e viu que seus cabelos pretos estava despenteados. Pensou que estava meia hippie, e riu um pouco. Escovou os dentes e desceu para baixo para tomar o café da manha.
Nunca tinha estado tão bem antes. O dia fria trazia nela forças "espirituais", nas belas palavras dela, que nenhum dia quente poderia trazer. E o que ela gostava mesmo nesses dias era ficar na cama dormindo, sem se incomodar com nada e com ninguém. Era o momento dela, em que ela sonhava e podia pensar em quem quiser sem se preocupar nas consequências, que em suas palavras, era a própria essência da liberdade.
Tomava o café e olhava o jornal, quando de repente ele entrou em sua mente. Ela lembrou da cor dos olhos dele: marrom, totalmente vivos. E combinavam totalmente com a cor dos olhos dela, que eram negros. E como ele gostava de brincar: "Seus olhos são a profundeza mais perfeita que eu já ví". Ela tomou o café e não tirava ele do pensamento. Amor que é amor é o pensado e o sonhado. Mais ela sabia muito bem que ele não era uma invenção e nem sequer um momento. Ela continha os sentimentos, mais ali estava ele em sua mente, como se fosse ele a única preocupação dela. Como se ele fosse o único jeito dela conseguir pensar... como se o amor que ela tinha por ele estivesse vivo no espiríto do respirar desse dia frio. E ela ali, com uma roupa de lã roxa, sentada a mesa, o jornal com as notícias mais terríveis, como a de um assassinato no Rio Grande do Sul de dois garotos por dois contrabandistas uruguaios. Mais no entanto ele éra o que ocupava o pensamento dela. Somente ele: o único tormento do momento. O café com o leito descia na garganta dela, enquanto ela pensava no primeiro toque suave que ele fez com as mãos ao passa-las sobre os cabelos negros dela.
E ela sentia o toque dele, o mesmo toque puro e sensível que ele tinha dado no primeiro beijo deles sobre o brilho prata no escuro mar da noite. E ela tinha visto ele antes, um dia antes, e ele ali com ela com toda a sua alegria e seu jeito de viver. As pessoas que nos mudam se distânciam e nem ao menos percebemos. Mais ela e ele eram os únicos, eram os mesmo imortais de outrora. Porque não dizer que eram eles o Romeu e a Julieta? Ou se seria ele o amado que partira o crânio de vários peruanos numa guerra antiga na selva da América do Sul, apenas para ver os cabelos negros de sua "hermosa amada"? E ela ali pensando nele. E o dia frio consumindo seu pensamento assim como ela queria consumir ele. E mesmo assim, ela sabia que ele era o que estava em seu profundo peito. Era ele o seu descanso e o fim de seus problemas. E no entanto ele era apenas um pensamento. Um pensamento de um pós-dia de carnaval... um dia totalmente frio. Mais ela queria ele ali, e mesmo assim pensava nele. As consequências de amar alguém a distância é que a distância e a saudade são tão amigas quanto diferente a brisa e o vento. E ele ali em seu pensamento... a consumindo pouco a pouco. E ela pensava nele... e queria ele. Mais não tinha ele. Porque não tinha ele?


Informação adicional: Aos que questionarem com a questão imposta que eu mesmo me fez: espere... esse blog de "poemas e pensamentos" márginais, acaso não deveria apenas conter poemas e pensamentos dessa área? É conflitante saber que eu que criei tal blog, sou um escritor, um poeta e como tal um sonhador. Irei em alguns momentos públicar a meu público (eu acredito que eu tenho um), contos e algumas aventuras de prosa, que este tão pequeno escritor tenta fazer para o agrado. Espero que gostem. Gabriel de Ataide Lima.

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